Para acompanhar enchidos escolhemos vinhos com intensidade de sabor. Não serão necessários vinhos muito poderosos em termos de estrutura, mas necessitam possuir acidez e equilíbrio para se baterem com a generalidade da textura untuosa e suculenta dos fumeiros portugueses. No entanto, vinhos com demasiados taninos, podem em conjunto com os enchidos levar ao exagero de sabores intensos que podem não ser a melhor das combinações.Dever-se-á, pois, eleger vinhos de boa intensidade mas com frescura. Uma combinação clássica aos presuntos passará pelos vinhos do Porto extra-secos, aos vinhos da Madeira. Também os espumantes são escolha acertada, graças à estrutura, acidez e bolha, em particular os Bruto. Brancos estruturados e cheios de sabor, com boa acidez e muita fruta, apresentam também muita capacidade de se aliarem a estes produtos. Alvarinhos, Loureiro e Arinto, alguns Moscatéis secos, os vinhos de altitude do Douro e da Beira Interior, bons Encruzado, Malvasia, Cercial e brancos bem secos da Bairrada são opções a ter em conta. Os clássicos de Bucelas e Colares farão boa figura. Nos rosés, especialmente os secos são os que melhor harmonizam. A natural intensidade de sabor e aroma são uma das armas a favor. Quanto aos tintos, são mais adequados os firmes e frescos, que se apresentem frutados. Não serão necessários taninos poderosos, mas antes viçosos e com boa fruta para se poderem encaixar na gordura, oleosidade da maioria das texturas e sabores, devendo ser controlados para não chocar com o toque muito fumado e salgado, que acentuará algum amargo e adstringência. Para alguns casos, obviamente com enorme critério de escolha da iguaria e do vinho, os colheita tardia poderão integrar o leque de escolhas. Convém aí privilegiar alguns Late Harvest com boa acidez e açúcar mais camuflado para se baterem com terrinas e patés caseiros. A mesma regra para vinhos generosos com algum açúcar mas que tenham boa acidez, leveza e plasticidade.