A Estremadura é de todas as nossas províncias a que manifesta uma complexidade mais acentuada. O clima desta região pode-se considerar na transição entre a zona dos ventos húmidos e permanentes de Oeste, e a dos estios secos. O tipo de vegetação da parte norte aproxima-se de um tipo da Europa Central, enquanto na extremidade meridional apresenta características mediterrânicas. As terras de aluvião contrastam com as encostas onde abunda o calcário secundário, e as várzeas opõem-se aos maciços montanhosos da fronteira oriental.
Apesar de Lisboa se localizar num extremo da região da Estremadura, marca de forma permanente toda esta região vinícola, dai a troca de nomes de Estremadura, para Lisboa.
A região de Lisboa, anteriormente conhecida por Estremadura, situa-se a noroeste da cidade de Lisboa numa área com cerca de 40 km2. É uma região com longa história a nível de vinicultura: inicialmente produzia grande quantidade com baixa qualidade, no entanto tem vindo a experimentar novas castas e a conseguir vinhos de boa qualidade. Hoje, os vinhos da Região de Lisboa são conhecidos pela sua boa relação preço/qualidade.
Na região de Lisboa, a área de vinha é constituída pelas tradicionais castas portuguesas e por famosas castas internacionais. Aqui é produzida uma enorme variedade de vinhos, possível pela diversidade de relevos e microclimas concentrados em pequenas zonas da região.
O clima é temperado devido à influência do Atlântico. Os Verões são frescos e os Invernos suaves, apesar das zonas mais afastadas do mar serem um pouco mais frias.
A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).
As regiões de Colares, Carcavelos e Bucelas já foram as mais importantes da Estremadura, hoje o seu interesse é pouco mais que histórico. A proximidade da capital e a necessidade de urbanizar terrenos quase levou à extinção das vinhas nestas Denominações de Origem.
A Denominação de Origem de Bucelas apenas produz vinhos brancos e foi demarcada em 1911. Os seus vinhos, essencialmente elaborados a partir da casta Arinto, foram muito apreciados no estrangeiro, especialmente pela corte inglesa. Os vinhos brancos de Bucelas apresentam acidez equilibrada, aromas florais e são capazes de conservar as suas qualidades durante anos.
Colares é uma Denominação de Origem que se situa na zona sul da região de Lisboa. É muito próxima do mar e as suas vinhas são instaladas em solos calcários ou assentes em areia. Os vinhos são essencialmente elaborados a partir da casta Ramisco, todavia a produção desta região raramente atinge as 10 mil garrafas.
Óbidos, Arruda, Torres Vedras e Alenquer receberam a maioria dos investimentos na região: procedeu-se à modernização das vinhas e apostou-se na plantação de novas castas. Hoje em dia, os melhores vinhos DOC desta zona provêm de castas tintas como a Castelão, a Aragonez (Tinta Roriz), a Touriga Nacional, a Tinta Miúda e a Trincadeira, que por vezes são lotadas com a Alicante Bouschet, a Touriga Franca, a Cabernet Sauvignon e a Syrah, entre outras. Os vinhos brancos são normalmente elaborados com as castas Arinto, Fernão Pires, Seara-Nova e Vital, apesar da Chardonnay também ser cultivada em algumas zonas.
A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e brancos). Nesta zona as vinhas são protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das uvas e a produção de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa. Os vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e carácter citrino.
A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi a última a sofrer as consequências da modernização. Apostou-se na plantação de novas castas como a Baga ou Castelão e castas brancas como Arinto, Malvasia, Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas e internacionais, como a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez, Touriga Nacional ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se: ganharam mais cor, corpo e intensidade.
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