Diz-se que foram os Fenícios e os Gregos que trouxeram do Próximo Oriente bastantes castas para esta região e que, achando o clima ameno, as encostas da Arrábida e a zona ribeirinha do Tejo propícias ao cultivo da vinha, se lançaram no seu plantio. Mais tarde, os romanos e os Árabes deram grande incremento à cultura da vinha nesta península.
Com a fundação do reino de Portugal, vieram outros povos, nomeadamente os Francos, povo de antiquíssimas tradições vitícolas, que incrementaram a produção de vinho nesta região, tradição que ainda hoje prevalece.
No século XIX, muitas figuras contribuíram para a identidade da Península de Setúbal e para o avanço da economia agrícola regional. José Maria da Fonseca foi uma das personalidades na área da vitivinicultura que se instalou na Vila Nogueira de Azeitão e fundou a sua empresa no sector do vinho, projectando a fama e o prestígio do Moscatel de Setúbal. A par do generoso Moscatel de Setúbal, José Maria da Fonseca criou, em 1850, o vinho Periquita, o vinho tinto de mesa que goza hoje da maior reputação internacional.
O nome Periquita tem origem na propriedade onde o mais antigo vinho de mesa português viria a ser produzido: a Cova da Periquita.
Situada no litoral Oeste a Sul de Lisboa, é nesta região vitivinícola que se produz o famoso e tão apreciado Moscatel de Setúbal.
Esta região pode dividir-se em duas zonas distintas: uma a Sul e Sudoeste, montanhosa, com altitudes entre os 100 e os 500 m. A outra, pelo contrário, é plana, prolongando-se em extensa planície junto ao rio Sado.
O clima é misto, subtropical e mediterrânico. Influenciado pela proximidade do mar, pelas bacias hidrográficas do Tejo e do Sado, e pelas serras e montes que se situam na região, tem fracas amplitudes térmicas e um índice pluviométrico que se situa entre os 400 a 500 mm.
Os solos são argilo-arenosos ou franco-argilo-arenosos, calcários com ligeira alcalinidade, alguns deles compactos e férteis.
A qualidade dos vinhos desta região justificou o reconhecimento das Denominações de Origem Controladas "Setúbal" para a produção do vinho generoso, e "Palmela", na qual, para além dos vinhos branco e tinto, se inclui também a produção de vinho frisante, espumante, rosado e licoroso.
A Península de Setúbal tem duas Denominações de Origem (Palmela e Setúbal) . A Casta tinta dominante é o Castelão que por vezes é conjugada com Alfrocheiro e Trincadeira . As castas brancas dominantes na região são a Fernão Pires, a Arinto e, a Moscatel de Setúbal, que é utilizada em vinhos brancos e também nos vinhos generosos da Denominação de Origem de Setúbal.
As características que se destacam nos novos vinhos da Península de Setúbal são os aromas florais nos brancos e os sabores suaves a especiarias e frutos silvestres nos tintos.
O Moscatel de Setúbal é um vinho generoso de excelente qualidade, em especial quando envelhecido durante largos anos em barricas de carvalho. Trata-se de um vinho de aroma muito intenso, a flores de laranjeira, com sabor meloso e cheio, que evolui com a idade para notas de frutos secos, passas e café. O vinho generoso de Setúbal elaborado a partir das castas Moscatel e Moscatel Roxo é um dos mais antigos e famosos vinhos mundiais.
Os vinhos licorosos elaborados a partir da casta Moscatel Roxo, são produzidos em pequena quantidade, têm características semelhantes ao Moscatel de Setúbal, no entanto são mais finos e apresentam aromas e sabores muito complexos de laranja amarga, passas de uva, figos e avelãs. Excelente para acompanhar uma sobremesa sofisticada.
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